Conversa Humanizada

Certo dia fui tocado por frases que me deixaram inquieto e reflexivo, afirmações como:

- Necessitamos humanizar as empresas!

- Necessitamos humanizar as escolas!

- Necessitamos humanizar as policias!

- Necessitamos humanizar os hospitais!

- Necessitamos humanizar a sociedade!

Até esse momento tinha a certeza de que todas as pessoas com quem nos relacionamos na sociedade são humanas. Afinal aprendemos desde de muito cedo que o planeta terra é habitado por inúmeras espécies, sendo a humana uma delas.

Percebi que mais uma das minhas certezas estava sendo remexida pela dúvida. Uma vez que necessitamos humanizar ambientes que naturalmente são criados por nós, ditos humanos, e que fazem parte das nossas relações com outros ditos humanos.

Surgiu uma sensação que algumas vezes me leva a parar, respirar, pensar, sentir e viver. Um ciclo associado à minha necessidade de compreender o que está acontecendo. Inicialmente enxergo que ser humano é em verdade essência. Ou seja, aquilo que é o mais básico, o mais central, a mais importante característica de um ser.

Opa! sendo característica natural dos seres que a possui, como que humanos se veem distantes de sua humanidade quando estão em relação com outros humanos?

Procurando uma resposta que fizesse sentido, foi preciso uma viagem para dentro. Um experimento pessoal com o objetivo de estudar o que passei a considerar como um fenômeno. Sabendo que nesse caso o ratinho de laboratório e o pesquisador ou observador eram eu e eu mesmo.

Eureca! quanta falta de humanidade ao responder com palavras agressivas minha companheira de vida em uma discussão boba. Ops! tão desumano agredir fisicamente o meu filho querendo impor a vontade do adulto sobre a criança. Onde estava a humanidade e quais sentimentos alimentados ao ficar tanto tempo sem ligar, visitar ou falar com minha mãe ou meu pai. Em que lugar está a essência humana, quando há dificuldade em se dispor a construção de amizade com reciprocidade. E no trabalho parece que o nível de humanidade ficou bem reduzido, ao valorizar a competição e a imposição do que acredito ser certo. Socorro! quanta desumanidade em uma briga recheada de palavras de baixo calão por uma vaga no estacionamento do shopping ou na fala ácida e arrogante direcionada a uma funcionária do supermercado por acreditar que o cliente sempre tem razão.

Outro fato observado é que em inúmeros outros momentos minha humanidade interior esteve atuante de forma harmoniosa em uma prática recorrente de valores como compreensão, respeito e aceitação.

Confesso que o experimento segue sendo ao mesmo tempo doloroso e esperançoso. O primeiro sentimento surgiu ao concluir que as frases que me inquietaram (citadas no início de nossa conversa) faziam sentido. E o segundo por compreender que a vida oferece inúmeras oportunidades para que o processo de humanização dos seres humanos aconteça de forma contínua e repetidas vezes.

A parte mais interessante dessa auto busca foi o de ter acesso a vários recursos para estimular e até mesmo acelerar nosso exercício de humanização. As que mais fizeram sentido e tocaram meu coração foram:

Desenvolvimento da espiritualidade - O encontro da razão de viver ou valorização da vida. Para alguns ocorre por meio de crenças ou práticas religiosas, para outros está no esforço em alcançar a plenitude do amor por meio do equilíbrio e harmonia nas inúmeras dimensões da vida.

Trabalho voluntário – Servir a outra pessoa ou a uma ou mais comunidades com a única intensão de oferecer algo em contribuição, sem pensar em quaisquer retornos. Ainda que na prática os ganhos sejam inúmeros e proveitosos.

Comunicação não violenta (CNV) – Processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall Bertram Rosenberg e uma equipe internacional de colegas, que apoia o estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina comunicação eficaz e com empatia.

Dessas três, encontrei na comunicação não violenta práticas para o desenvolvimento de relacionamentos mais humanos. Interessante que ao despertar para a espiritualidade conheci um trabalho voluntário de apoio emocional que me apresentou a CNV. Um encadeamento de lances oferecidos pela vida para que pudesse fluir nesse movimento de tornar-me humano.

Acredito que seja comum quando vivenciamos algo que produz bem estar e esperança sermos motivados a compartilhar com o maior número de pessoas possível. São esses sentimentos que vibram em minha alma após inúmeras vivências com a comunicação não violenta.

No trabalho voluntário pude praticar a CNV em um ambiente voltado para esse fim, inclusive facilitando o acesso de grupos de pessoas a compreensão desse processo de comunicação empática. Foi onde descobri que a CNV é uma fonte estimuladora para a realização da conversa humanizada. Estabelecendo assim, um encontro genuíno do humano com outro humano.

Com o objetivo de criar conversas humanizadas meus vínculos profissionais, familiares, com amigos, conhecidos e até desconhecidos passaram a ser um convite constante ao desenvolvimento da empatia. Que é uma habilidade que alguns nascem sabendo e outros, como eu, tem a chance de aprender e desenvolver.

Nesse ponto de nossa conversa pode ser que algumas inquietações estejam aflorando em sua mente e em seu coração. Tipo, e na prática como consigo ter acesso ao processo de comunicação não violenta para que também possa realizar conversa humanizada com as pessoas com quem me relaciono.

Acreditando que assim como ocorreu comigo a CNV possa ser útil para você, disponibilizamos artigos, vídeos e outros materiais no site conversahumanizada.com para apoiar as pessoas que queiram explorar e adotar essa prática em sua vida.

Nosso objetivo é oferecer uma micro contribuição para que juntos possamos construir uma sociedade humanizada, onde as pessoas possam estabelecer conexões cada vez mais empáticas nas empresas, escolas, policias, hospitais e em todos os ambientes onde existam dois ou mais humanos reunidos.

Alessandro Lima

💞Jornada da Conversa Humanizada.

👨🏻‍🏫Facilito exercícios e vivências de Comunicação Não Violenta (CNV).

🎯Fluência na comunicação empática.